sexta-feira, 28 de maio de 2010

Grupo HB Defense

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sexta-feira, 14 de maio de 2010

História da anestesia

Introdução

A história, ao contrário do que muitos imaginam, não é algo limitado ao passado e de caráter imutável. Ela sofre adaptações de acordo com as conveniências de uma ou outra classe social dominante. Informações que foram ocultadas, deliberadamente ou não, uma vez descobertas, poderão mudar conceitos atuais, até então estabelecidos como verdadeiros. Sendo assim, a história, como qualquer outra ciência, não é totalmente imparcial; sofre influências e interferências de forças de natureza política, religiosa, econômica e cultural.

Com a História da anestesia não é diferente. Existem várias interpretações e correlações de fatos ora supervalorizados, ora menosprezados. Algumas questões permanecem intrigantes: Por que se levou tanto tempo para a civilização controlar a dor? Quem realmente descobriu a Anestesia? Como era o mundo quando se deu a descoberta oficial da Anestesia? Para refletir sobre tais perguntas, faz-se necessário recorrer à História da Anestesia.


A dor

Antes da era moderna, apenas algumas poucas civilizações do mundo deixaram escrituras que relatam a tentativa de aliviar a dor durante os procedimentos cirúrgicos. Os chineses se beneficiavam com a milenar acupuntura. Os Incas da América do Sul usufruíam da anestesia tópica, da excitação e do torpor pela mastigação das folhas de coca .

Na cultura ocidental, o conceito de que a dor é algo vindo de um Deus justo data dos primeiros dias do Cristianismo, mas pode até ser mais antigo. A palavra poiné, do antigo grego, tinha dois significados: pagar e punir. Dela deriva-se a palavra pain do inglês, que tem os significados de dor e de punição, e também a palavra portuguesa "pena" (pelo latim poena), que tem o mesmo duplo sentido . O escritor romano Celsus incentivava a "falta de piedade" como característica essencial do cirurgião, atitude que prevaleceu durante séculos .

Nas sociedades cristãs européias da Idade Média (500-1400 d.C), o controle da dor através de ervas ou outros compostos químicos podia ser interpretado como magia ou bruxaria pela Santa Inquisição. A doença, a dor e o sofrimento eram vistos como castigos divinos para purificação da alma. E no que diz respeito ao parto, a Igreja, que julgava a mulher como um ser impuro e amaldiçoado desde Eva, ostentava a citação Bíblica: "Darás a luz com dores aos teus filhos."(Gênesis 3,16) . Mulheres eram severamente punidas se usassem de qualquer ritual não religioso para alívio da sua dor durante o parto. Essa postura foi seguida, com menor rigor, no mundo ocidental, até o final do século XIX 5.

Ainda no século XIX, até mesmo os autores de importantes textos cirúrgicos muitas vezes ignoravam a dor como assunto de discussão, fato infelizmente ainda encontrado em alguns livros contemporâneos. Os estudantes de Medicina imitavam seus mestres e muitas vezes omitiam o registro de qualquer sofrimento do paciente, ao tomarem notas das operações que testemunhavam. Como havia pouco que pudesse ser feito para aliviá-la, e parecendo ser um componente aparentemente inseparável das lesões, a dor era enobrecida como "providencial" e a capacidade de suportá-la era uma nobre virtude .


A anestesia antes de 1846

A cronologia freqüentemente nos faz memorizar a data de uma descoberta e relaciona o evento às ações de uma só pessoa. Entretanto, é inadequado ver o desenvolvimento da Anestesiologia segundo essa perspectiva limitada. A data de 16 de Outubro de 1846 é oficialmente aceita como aquela em que se realizou a primeira intervenção cirúrgica com anestesia geral. Essa foi, na verdade, a primeira demonstração de anestesia bem sucedida diante de uma comunidade científica 3. Demonstrada em um país de expressividade econômica, seguindo os preceitos da Nova Ordem Mundial, e favorecendo-se dos meios de divulgações então existentes, tornou-se historicamente conveniente datar essa descoberta já antes realizada. Assim, William T. G. Morton, o dentista (médico nos EUA) que divulgou a anestesia, tem, sem dúvida, grande mérito. Porém, sua demonstração histórica sucedeu através dos esforços antecedentes de homens não menos brilhantes, mas talvez menos astutos ou menos afortunados pelo tempo.

Muitos pesquisadores afirmam que o primeiro a usar o termo Anesthesia foi Discorides de Anazarba (40-90 d.C), médico grego que serviu ao Exército Romano de Tibério e de Nero. Em um dos seus manuscritos, ensinava o emprego de extratos do ópio, mandrágora e meimendro misturados com vinho, que eram bebidos pelo enfermo, antes da cirurgia, para fins anestésicos. Anterior a Discorides, médicos da Escola de Alexandria empregavam essas mesmas drogas em preparações para uso inalatório, conhecido como "Esponja Soporífera". Discorides realizou anestesias cirúrgicas, utilizando o ópio, cujo derivados ainda são usados na anestesia moderna, e divulgou seus achados e experiências através de manuscritos. Sua obra foi publicada em latim, somente em 1478, sendo um dos primeiros livros de Medicina a serem impressos .

O éter dietílico fora conhecido durante séculos. Acredita-se que este composto possa ter sido sintetizado pela primeira vez no século VIII pelo árabe Jabir Ibn Hayyam. A sua síntese é descrita por Valerius Cordus, no século XVI, a partir de reação do ácido sulfúrico (vitríolo) com álcool etílico. Inicialmente denominado de "Oleum vitrioli dulce" (Óleo doce de vitríolo), somente recebeu a denominação de "Aether", por Frobenius, em 1792. Paracelso (1493-1543), médico e alquimista suíço, em 1540, adoçou a comida de galinhas com o "óleo doce de vitríolo" e observou a sua ação anestésica. Assim escreveu sobre suas experiências: "O óleo doce de vitríolo tem tal doçura que é tomado até mesmo por galinhas, e elas adormecem em pouco tempo, extinguindo as dores e o sofrimento. Depois despertam sem qualquer dano" .

As idéias de Paracelso e a prática de suas ciências ocultas não eram bem vistas, nem pela Igreja e nem por parte de muitos médicos da época, provavelmente por isso sua experiência com o éter não se difundiu.

Robert Boyle (1627-1691), no século XVII, através de seus experimentos com produção de vácuo concluiu que o ar era responsável por manter ao mesmo tempo o fogo e a vida. Por volta do ano 1650, o belga J.B. Van Helmont reconheceu que gases diferentes compunham o ar atmosférico, e tentou identificá-los. No mesmo século, Jonh Mayow (1643-1679) demonstrou que uma fração do ar "o ar do fogo", e não todo ele, é que alimenta o fogo e a vida.

No início do século XVIII, o médico Georg Stahl, procurando explicar o mecanismo da combustão, elaborou "A Teoria do Flogisto", a qual defendia que todas as substâncias que se queimam têm na sua constituição um elemento comum: "o flogisto". O "ar do fogo" passou a ser chamado de "ar desflogisticado" e alimentava o fogo através da retirada do flogisto das substâncias em combustão. Em 1772, Scheele, na Suécia e Pristley, na Inglaterra, isolaram independentemente o "ar do fogo" e também o nitrogênio (ar flogisticado).

A teoria flogística teve grande influência no pensamento médico, na interpretação da febre e da inflamação. A respiração tinha por fim levar o "ar desflogisticado" ao interior do organismo e este então retiraria do sangue o flogisto liberado pelos alimentos. Joseph Black (1728-1799), na Escócia, em 1757, descobriu que havia no ar atmosférico um gás com propriedade de turvar a água de cal. Chamou esse gás de "ar fixo" que mais tarde passou a ser chamado de gás carbônico.

No final do século XVIII, Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794), considerado o fundador da química moderna, derrubou a teoria flogística e deu imensa contribuição para uma melhor compreensão da fisiologia respiratória. Lavoisier concluiu que o fenômeno da combustão deveria ser interpretado de forma diferente do que ensinava a teoria flogística: em lugar de perder "flogisto", os corpos quando se queimam, se oxidam, ganhando oxigênio. Provou que a respiração era equivalente à combustão, pois o oxigênio inalado para dentro dos pulmões combinava-se com carbono e hidrogênio para produzir gás carbônico e água. Renomeou o "ar desflogisticado" de oxigênio (gerador de ácidos) e delineou o papel do gás carbônico na respiração .

Com o crescente conhecimento da fisiologia respiratória e a descoberta de novos gases e vapores, abriu-se caminho para o uso da via inalatória para a administração de drogas 1. Apesar de, nesse tempo, já se conhecerem relatos de injeção de drogas, sangue e cristalóide por via venosa em animais, a agulha oca ainda não havia sido inventada. A agulha oca somente seria inventada por Pravaz (1851) na França e por Alexander Wood (1853) na Escócia. Este fato adicionado ao desconhecimento sobre técnicas assépticas e às freqüentes complicações associadas ao procedimento contribuíram para a consolidação do uso da via inalatória como um meio de se encontrar um agente anestésico que oferecesse uma ação imediata, profunda e reversível 8. Nos anos de 1823 e 1824 um médico inglês, Henry Hill Hickman (1800-1830), defendia que a via inalatória se prestava à obtenção de anestesia para aliviar a dor da cirurgia. Realizou e documentou várias experiências em cães. Poderia ter sido o grande descobridor da anestesia cirúrgica se ao invés do dióxido de carbono tivesse usado um gás mais apropriado.

O protóxido de azoto ou oxido nitroso foi sintetizado por Priestley em 1776, o mesmo cientista que isolou o oxigênio. Em 1800, o químico inglês Humphry Davy tratou de uma dor de dente, inalando óxido nitroso. Davy sugeriu, em sua publicação "Vapores Medicinais", que o óxido nitroso poderia ser usado com vantagem nas intervenções cirúrgicas. Cerca de 20 anos depois Michael Faraday escreveu que a inalação do éter dietílico produzia efeitos similares àqueles produzidos pelo óxido nitroso. Entretanto, essas duas substâncias ganharam notoriedade apenas em exibições circenses, festas e outros entretenimentos públicos. Espectadores eram chamados ao palco, inalavam o gás, e se punham a rir e dançar para entretenimento geral, daí o nome "gás hilariante". O óxido nitroso era administrado na sua forma pura, sem mistura com oxigênio.


O mundo em meado do século XIX

Por volta da metade do século XVIII o mundo assistia à primeira Revolução Industrial, quando surgiram as novas técnicas de fundição de ferro e a máquina a vapor, que aceleraram o desenvolvimento. Desta forma, a Inglaterra, berço da Revolução Industrial, foi se tornando uma sociedade cada vez mais urbana. As cidades feudais e agrárias européias, baseadas em relações de trabalho servil, foram aos poucos cedendo lugar para a Sociedade Capitalista Industrial, com trabalho assalariado.

Um século mais tarde, ocorreu a segunda Revolução Industrial, impulsionada pelo desenvolvimento da eletricidade através do dínamo, com um novo salto tecnológico na indústria. Para se obter mercado de consumo sugiram o Neocolonialismo nos países da Ásia, e pressões econômicas contra o modelo escravocrata nas Américas. Sob o governo da Rainha Vitória, a supremacia britânica na Europa era indiscutível, atingindo seu apogeu entre 1850 e 1875 (A Era Vitoriana). Londres tornara-se a maior cidade do mundo.

Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos da América também passavam por grande crescimento econômico e desenvolvimento científico, com fundações de Escolas Médicas e Hospitais. Cresciam o patriotismo e a vaidade ianque, com a prática da famosa política da "América para os americanos".

Lado a lado com a segunda Revolução Industrial, o século XIX assistiu a um verdadeiro florescimento da ciência. A ciência passou para o domínio público, tornando-se mais popular do que havia sido até então. Crescia a racionalização do trabalho de pesquisa e os pesquisadores foram se profissionalizando. Em 1831, foi criada a Associação Britânica para o Progresso da Ciência, e em 1840, era cunhada a palavra Cientista.

Em 1833, Gauss e Morse inventaram o telégrafo elétrico. No fim dessa década, a partir dos trabalhos de Daguerre, surgiu a fotografia. Vinte anos depois, em novembro de 1859, Darwin publicava. A Origem das Espécies. Nos anos de 1860 e 1861, Pasteur derrubou a Teoria da Geração Espontânea e demonstrou que a fermentação e a infecção resultavam de ação de microorganismos, servindo de fundamento para que Lister desenvolvesse a cirurgia anti-séptica e o tratamento anti-séptico das feridas em 1865. O desenvolvimento de todas as áreas científicas e de meios de divulgação do conhecimento (imprensa, transportes, telégrafos etc.) mudaram de maneira quase uniforme os antigos conceitos religiosos e culturais no mundo ocidental .


A cirurgia em meado do século XIX

Os procedimentos cirúrgicos ainda não eram muito comuns antes da segunda metade do século XIX. A compreensão da fisiopatologia das doenças e do que era racional para seu tratamento era rudimentar. Técnicas assépticas e a prevenção da infecção das feridas eram praticamente desconhecidas. Não se conhecia a origem bacteriana das infecções, a assepsia, as luvas, os aventais cirúrgicos e muito menos os antibióticos. O cirurgião realizava várias cirurgias consecutivas, de natureza mais variada, usando o mesmo traje e até o mesmo bisturi. As salas de operações tinham higiene muito precária, ou mais precisamente eram pocilgas poeirentas e infectas.

A hemostasia cirúrgica geralmente era obtida com o ferro em brasa, o que tornava o ato cirúrgico ainda mais desumano. A falta de anestesia satisfatória constituía grande obstáculo para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de novas técnicas cirúrgicas. Utilizavam-se drogas como álcool (vinho ou whisky) e derivados do ópio, administrados por via oral para se proporcionar algum conforto. Entretanto, o método mais efetivo para se obter um campo cirúrgico estático era a contenção do paciente pela força 10. Os gritos de dor ecoavam a grandes distâncias; motivo pelo qual os primeiros hospitais tinham seus anfiteatros de cirurgia localizados na sua parte mais alta e isolada, as famosas cúpulas. O bom cirurgião era aquele que operasse rápido. Para a maioria dos cirurgiões da época, era utopia separar a dor do bisturi. Louis Velpau dizia: "Excluir a dor nas operações é uma quimera que hoje em dia não é mais permissível perseguir" 11.

Diante de tantos obstáculos, tentavam-se poucas operações e a mortalidade era demasiadamente alta para os padrões atuais. Tipicamente, a cirurgia tinha natureza de urgência ou de emergência; por exemplo, tratamento de feridas de guerra, amputação de um membro, redução de fraturas e luxações, extirpação de tumores superficiais ou drenagem de abscessos 10. A evolução do enfermo no pós-operatório era geralmente entregue à "vontade divina" 12. Os pacientes aproximavam-se da cirurgia como se enfrentassem uma execução, pois tinham a idéia do que iriam enfrentar: dor, hemorragia e infecção pós-operatória .


A primeira anestesia cirúrgica oficialmente reconhecida

Horace Wells, um dentista de Hartford, assistindo a uma apresentação pública do "circo itinerante do gás-da-alegria" observou que Samuel A. Cooley, um dos participantes, sob a ação do óxido nitroso, sofrera um ferimento extenso na perna, mas não demonstrara qualquer sinal de dor. Logo depois, Wells solicitou a Gardner Q. Colton, o empresário do circo, para realizar uma experiência em seu consultório. No dia seguinte, mais precisamente em 11 de Dezembro de 1844, Colton administrou inalação do N2O e Wells teve um de seus próprios dentes extraído por seu amigo Riggs. Wells experimentou outros gases para obter efeitos semelhantes, inclusive o éter; entretanto, decidiu-se pelo N2O. Aprendeu a preparar e administrar o protóxido de azoto, e com o seu uso, realizou com sucesso mais de 10 extrações dentárias indolores em seus clientes, na pequena cidade de Hartford.

Wells resolveu mostrar ao mundo a sua descoberta. Contatou um ex-estudante seu, William Thomas Green Morton, dentista e matriculado, na ocasião, na Havard Medical School, em Boston. Lá se encontrava o Massachusetts General Hospital, onde trabalhava o renomado cirurgião John Collins Warren. Em Janeiro de 1845, Wells viajou para Boston, apresentou suas idéias a Morton e ao professor de Química de Havard, Charles T. Jackson. No dia seguinte, no anfiteatro Bullfinch do Massachusetts General Hospital 3, Wells realizou sua demonstração diante de uma platéia incrédula. Nela encontravam-se Warren e Morton. Ele planejava anestesiar um paciente para amputação, mas, quando este recusou a cirurgia, foi substituído por uma anestesia dentária para um estudante de Medicina. Wells talvez tenha começado a extração sem um nível de anestesia adequado. A demonstração foi um fiasco, o paciente gritou de dor durante o procedimento, e Wells foi vaiado no recinto como impostor. Humilhado, Wells voltou a Hartford e continuou a usar óxido nitroso, mas a introdução do éter foi gradualmente substituindo o seu uso. Em 1847, publicou "A História da Descoberta da Aplicação do Óxido Nitroso, do Éter e de outros Gases em Cirurgia". Viciou-se em clorofórmio, abandonou a Odontologia, e em 1848 suicidou-se .

Aproximadamente um ano e nove meses após a fracassada demonstração de Wells, Morton, cursando o segundo ano de Medicina obteve permissão para demonstrar publicamente o uso de uma nova sustância como anestésico cirúrgico. Meses antes, Morton já se encontrava familiarizado com o uso do óxido nitroso e aprendera com Charles T. Jackson sobre a propriedade anestésica tópica do éter para fins odontológicos. Realizou vários experimentos com a inalação dos vapores do éter em cães e em 30 de setembro de 1846, em seu consultório em Boston, extraiu sem dor um dente de Eben H. Frost, um comerciante da cidade 1. A demonstração de Morton foi marcada para o dia 16 de Outubro de 1846, no mesmo anfiteatro Bullfinch do Massachusetts General Hospital e diante do mesmo Warren. O paciente era Edward Gilbert Abott, um jovem impressor, portador de uma tumoração vascular no lado esquerdo do pescoço. O Dr. Warren, vestido em seu traje formal, e o paciente, sentado na cadeira operatória, já se encontravam prontos no anfiteatro aguardando a chegada de Morton. Diante da audiência silenciosa e incrédula, Morton surgiu portando uma engenhoca para administração da anestesia. Era constituída de um globo de vidro, onde ficava o líquido volátil, anexado a uma cânula que direcionava os vapores à boca do paciente. Denominado por ele de "Letheon", o seu anestésico nada mais era que o simples éter. Após alguns minutos de aspiração, o paciente estava inconsciente, a cirurgia foi iniciada, o tumor extirpado, a hemostasia realizada, e o paciente não demonstrou sinal de dor. No entanto, permanecia vivo, respirando. Não foi necessário usar da força física para manter o paciente imóvel. Quando a cirurgia foi concluída, o Dr. Warren voltou-se para a audiência atônita e emitiu a célebre frase: "Cavalheiros, isto não é uma fraude." O primeiro emprego dos vapores do éter por Morton foi comunicado em uma carta de H. Jacob Bigelow para a Revista de Medicina e Cirurgia de Boston, em 11 de novembro de 1846.

Após a descrença inicial, as notícias da bem sucedida demonstração difundiram-se rapidamente pelo mundo. Seguiu-se imediatamente uma disputa considerável entre Wells, Morton, Jackson e outros pretendentes, em relação a quem era o legítimo descobridor da anestesia. Foram realizados debates demorados, infrutíferos e cheios de argumentações. Morton, logo após sua demonstração, tentou patentear o "letheon", mas teve sua intenção frustrada ao se confirmar que o tal líquido colorido tinha como princípio ativo o popular éter dietílico. Jackson reclamou igualmente prioridade na descoberta por ter apresentado a ação anestésica do éter a Morton. Em 1849, após a fama de Morton já se encontrar bem difundida, Crawford Williasom Long, médico e cirurgião da pequena cidade de Jefferson, Geórgia, publicou, com 6 anos de atraso, sua primeira anestesia cirúrgica com o uso dos vapores do éter (4), realizada em 10 de março de 1842. Várias circunstâncias justificaram essa demora de Long. Ele descreveu, com veracidade comprovada, a sua anestesia com a qual fez o paciente James M. Venable adormecer e ter um tumor do pescoço retirado sem dor. Um livro escrito por Henry Lyman, em 1881, forneceu evidência de que William E. Clarke administrou a primeira anestesia com éter na cidade de New York, em Janeiro de 1842. Ele realizou anestesia com o uso do éter para que Elijah Pope realizasse a extração dentária indolor em uma jovem de nome Hobbie. Entretanto, não foram encontradas provas que corroborassem esse fato 3.

W. Stanley Sykes, em um ensaio na "The seven Foundation Stones, in order of Merit", ordenou os competidores para o reconhecimento em ordem decrescente de importância. O primeiro foi Hickman que "anteriormente aos outros teve a idéia da anestesia mais profunda". O segundo foi Horace Wells, que "ao observar um indivíduo que, parcialmente sob influência de um gás, não sentia um ferimento, viu a possibilidade da anestesia imediatamente, como ninguém mais tinha visto". O terceiro seria W.T.G.Morton, "a quem pertence o crédito indubitável de introduzir com sucesso a anestesia com suficiente publicidade para assegurar que ela alcançasse a aceitação mundial imediatamente". Em quarto lugar ficou Humphry Davy, e em quinto, C. W. Long. Este poderia ter assegurado uma posição incontestável se tivesse anunciado seu trabalho na literatura médica em tempo hábil. Long teve apenas ele mesmo para responsabilizar.


Conclusões

Não seria justo atribuir o mérito da descoberta da anestesia a uma única pessoa. Nomes como os de Discorides, Paracelso, Long e Wells não poderiam ficar abaixo do de Morton. As peculiaridades históricas que beneficiaram ou prejudicaram um ou outro pesquisador não podem ser esquecidas. Morton foi sem dúvidas o mais agraciado pelas circunstâncias. Viveu no tempo e local privilegiados, e conviveu com as pessoas mais apropriadas ao seu intento. Todavia uma questão persiste. Afinal, quem é o mais importante: o pai da idéia ou aquele que a divulgou? A resposta certamente cairá no campo da subjetividade.



Referências
01. Kitz RJ, Vandam LD - O Campo da Prática Anestésica Moderna, em: Miller RD - Anestesia, 3a Ed, São Paulo, Artes Médicas, 1993:3-9. [ Links ]
02. Lico MC - Modulação da dor. Revista Ciência Hoje, 1985;4:67-75. [ Links ]
03. Calverley RK - A Anestesia como Especialidade: Passado, Presente e Futuro, em: Barash PG - Tratado de Anestesiologia Clínica, 1a Ed, São Paulo, Manole, 1993;3-4. [ Links ]
04. Lee JA, Atkinson RS - Manual de Anestesiologia. 1a Ed, Rio de Janeiro, Atheneu, 1976: 1-26. [ Links ]
05. Arruda JJ, Pilleti N - Toda a História. 9a Ed, São Paulo, Ática, 1999;144. [ Links ]
06. Sousa AT - Curso de História da Medicina. 1a Ed, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1981; 91-92. [ Links ]
07. Collins VJ - Princípios de Anestesiologia. 2a Ed, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1985;2-20. [ Links ]
08. Dundee JW - Anestesia Intravenosa. 2a Ed, Rio de Janeiro, Revinter, 1993;1-19. [ Links ]
09. Arruda JJ, Pilleti N - Toda a História. 9a Ed, São Paulo, Ática, 1999; 299-313. [ Links ]
10. Smith TC, Wollman H - História e Princípios da Anestesiologia, em: Goodman & Gilman, As Bases Farmacológicas da Terapêutica, 7a Ed, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1985;172-173. [ Links ]
11. Duncum BM - The Development of Inhalation Anaesthesia, London, Oxford University Press, 1947;86. [ Links ]
12. Thorwald J - O Século dos Cirurgiões. Curitiba, Hemus, 2001:432-436. [ Links ]

13. Revista Brasileira de Anestesiologia
Print version ISSN 0034-7094
Rev. Bras. Anestesiol. vol.52 no.6 Campinas Nov./Dec. 2002
doi: 10.1590/S0034-70942002000600015
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quinta-feira, 13 de maio de 2010

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